Nao me comovo.Sinto os olhos tão ressequidos como a alma.
Não me convenço.Sinto a cabeça tão embrulhada como o estômago.
Um pé molhado não se lembrou que o chão ainda ão estava seco.Senta-se à frente da televisão, só porque não há mais nada para fazer. Ou talvez haja, mas não quer ter de aturar as suas preocupações nesse momento.
Pessoas a abanar insistentemente a zona pélvica em trejes ridiculamente brilhantes.
Muda de canal.
Todas incrivelmente satisfeitas com o novo detergente de lavar a louça/creme de barbear/carro/pastilhas de acção contra o mau-hálito.
Qualquer um destes produtos a transporta irrevogavelmente para um lugar mágico, maravilhoso, tornando-as inegavelmente mais atraentes.
Muda de canal.
Música irritante, com demasiadas repetições do referão. E mais imagens de corpos a abanar no meio as ondas do mar, por trás uma ficha técnica que passa a velocidade da luz.
Muda de canal.
Alguem refere a verdade entre-dentes perate uma plateia de zombies, que acena afirmatiuvamente. Há outro lá atrás carrega um cartaz one se lê "aplausos" a vermelho.Eles aplaudem.
Mua de canal.
Verdaes mastigadas e digeridas. Já ouvidas ou lidas em algum lado. Acertam-lhe em cheio, bem no meio da cara, aspergidas em golfaas directamente no ecrã.
Doí.
Não acredita nelas, e assim, ali está!
Muda de canal.
Muda de corpo.
Muda de alma.
Muda de vida.
Acorda!
E foi depois disto que a menina pequena irritada com o mundo se levantou do sofá e se arrastou até ao quarto, onde dormira por mais de 100 anos.Tranquilamente...